08/04/25
Cinco dicas essenciais para proteger seu crédito em caso de Recuperação Judicial
Em 2024, o Brasil registrou um número recorde de pedidos de recuperação judicial, conforme dados do SERASA, com um aumento superior a 60% em relação ao ano anterior. Esse cenário é reflexo da instabilidade econômica e da alta na taxa de juros, que, segundo analistas, pode atingir até 15,75% em 2025. Diante dessa realidade, é cada vez mais comum que empresas utilizem a recuperação judicial como alternativa para postergar o pagamento de dívidas, o que pode impactar diretamente o fluxo de caixa e a saúde financeira de seus fornecedores e parceiros comerciais.
Para ajudar sua empresa a se proteger e gerenciar riscos, preparamos 5 dicas essenciais sobre o que fazer ao se deparar com um cliente em recuperação judicial:
Dica 1: Verifique se o cliente realmente está em Recuperação Judicial
Um dos principais benefícios para empresas em recuperação judicial é a suspensão das execuções e medidas de restrição de bens, incluindo valores em contas bancárias. Além disso, essas empresas não podem realizar pagamentos a credores listados no pedido de recuperação, utilizando essa condição como justificativa para não quitar dívidas.
Entretanto, muitas vezes, a empresa devedora apenas menciona estar em “preparação para a recuperação”, o que é bem diferente do pedido formal. Enquanto o processo não for oficialmente protocolado e aprovado pelo juiz, não há qualquer benefício legal que a impeça de cumprir suas obrigações financeiras.
O que fazer:
- Solicite o número do processo e a cidade onde está tramitando.
- Confirme a informação junto ao seu departamento jurídico.
- A certeza de que a recuperação judicial é oficial ocorre com o recebimento do comunicado do Administrador Judicial, que informará o número do processo, o valor do seu crédito e sua classificação.
Dica 2: Tenha o valor correto do seu crédito reconhecido
Ao receber o comunicado do Administrador Judicial, é essencial verificar se o valor do crédito informado está correto. Isso inclui:
- Obrigações já vencidas.
- Obrigações a vencer, desde que tenham sido emitidas antes do pedido de recuperação.
Por exemplo, se um cliente fez uma compra parcelada antes de solicitar a recuperação judicial, o valor total das parcelas, incluindo as ainda não vencidas, deve ser considerado no montante do crédito.
O que fazer:
- Confirme se o valor listado corresponde ao total devido.
- Caso haja divergências, informe imediatamente ao Administrador Judicial, anexando documentos comprobatórios.
- Se tudo estiver correto, não há necessidade de resposta imediata.
Dica 3: Participe ativamente do processo de Recuperação Judicial
Ter o crédito reconhecido é apenas o primeiro passo. Para proteger seus interesses, é crucial acompanhar o andamento do processo e verificar os documentos apresentados pela empresa devedora. Essa prática ajuda a garantir que não haja ocultação de bens ou informações relevantes.
Além disso, é fundamental participar das assembleias de credores, onde será votada a proposta de pagamento. Muitos planos de recuperação incluem:
- Descontos significativos (até 90%) sobre o valor devido.
- Prazos longos para pagamento, que podem se estender por mais de 10 anos.
O que fazer:
- Avalie cuidadosamente o plano de pagamento.
- Compare as condições oferecidas com a viabilidade financeira de sua empresa.
- Vote de forma consciente para proteger seus interesses financeiros.
Dica 4: Avalie a continuidade da relação comercial
O pedido de recuperação judicial não significa que a empresa devedora encerrou suas atividades. Pelo contrário, muitas vezes o plano de recuperação oferece condições especiais a fornecedores que continuam fornecendo produtos ou serviços.
No entanto, sua empresa não é obrigada a manter a relação comercial e pode recusar novos pedidos com base na análise de crédito e na dívida já existente.
O que fazer:
- Analise cuidadosamente o risco de continuar fornecendo.
- Se optar por manter o relacionamento comercial, considere formas seguras de pagamento, como pagamento à vista ou garantias adicionais.
Dica 5: Proteja seu crédito antecipadamente
Antes mesmo do pedido de recuperação judicial, algumas empresas costumam apresentar sinais de dificuldades financeiras, como:
- Renegociação frequente de dívidas.
- Alterações societárias, como mudança de sócios ou endereço.
- Aumento no número de restrições em nome da empresa.
Caso seu cliente solicite renegociação de dívida, siga essas estratégias para proteger seu crédito:
- Formalize um Termo de Confissão de Dívida.
- Inclua cláusula de vencimento antecipado e multa por inadimplemento.
- Solicite garantias pessoais dos sócios (avalistas), uma vez que a recuperação judicial não os protege.
- Exija um bem em garantia, como mercadorias ou equipamentos, para se posicionar como credor privilegiado, recebendo antes dos demais.
Conclusão
Com o aumento expressivo dos pedidos de recuperação judicial no Brasil, proteger o crédito da sua empresa não é apenas uma precaução, mas uma necessidade estratégica. Conhecer os seus direitos, acompanhar de perto o processo e adotar medidas preventivas podem fazer toda a diferença na preservação da saúde financeira do seu negócio.
Ao aplicar essas cinco dicas, você não apenas minimizará riscos, como também fortalecerá a sua posição como credor, aumentando as chances de recuperação do valor devido. Lembre-se de que, em um cenário econômico desafiador, informação e estratégia são as melhores defesas contra a inadimplência.
Veja mais conteúdos

Empresa não deve pagar honorários à Fazenda após aderir à transação tributária, decide STJ
24/07/25 Empresa não deve pagar honorários à Fazenda após aderir à transação tributária, decide STJ Por maioria de 3x2, os ministros da 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)

Empresas que integram conglomerado societário podem responder solidariamente por crimes da Lei Anticorrupção
23/07/25 Empresas que integram conglomerado societário podem responder solidariamente por crimes da Lei Anticorrupção Ao interpretar as disposições da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013), a Primeira Turma do Superior Tribunal de


STJ reconhece legalidade de prazo de cinco anos para compensação tributária
21/07/25 STJ reconhece legalidade de prazo de cinco anos para compensação tributária Por unanimidade de votos, a 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) entendeu que o direito do

MTE adia para 2026 as novas exigências para trabalho em feriados
18/07/25 MTE adia para 2026 as novas exigências para trabalho em feriados O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) adiou para 1º de março de 2026 a data de entrada

Recuperação Judicial, Especial ou Extrajudicial? Saiba qual é a ideal para sua empresa
08/07/25 Recuperação Judicial, Especial ou Extrajudicial? Saiba qual é a ideal para sua empresa Diante dos desafios, cada vez mais acentuados no Brasil, muitas empresas vêm buscando os benefícios de